sábado, 11 de julio de 2009




Por Beatriz Saldanha

O filme de horror, juntamente da ficção científica, é o gênero que mais conta com o apoio incondicional de seus admiradores fanáticos, sempre dispostos a cultuar seus ídolos – velhos e novos – impedindo-os de cair no esquecimento. Nem sempre é necessária uma intensa atividade horrífica: um simples papel de um cientista louco ou de um assassino psicopata pode garantir a imortalidade no panteão horrorífico. Mas nem todos convivem amistosamente com o rótulo de ídolo do horror.

O documentário NIM: Ninguém Incomodou Mais, de Gustavo Leonel Mendoza, apresentado no Fantaspoa com a presença de seu realizador, acompanha a longa trajetória artística de Narciso Ibáñez Menta, ator espanhol radicado na Argentina, certamente o nome mais importante do cinema de horror no país. Criado num ambiente de teatro, Narciso recebera, ainda criança, o nome artístico Narcisín, figura da qual, devido ao enorme sucesso, seria difícil se livrar. Segundo afirma o documentário, Narciso decidiu aderir ao horror para desvincular-se da encantadora imagem infantil que propagara com sua persona. Desta maneira, o angelical Narcisín se tornava o diabólico Narciso Ibáñez Menta.

Narrado de maneira quase cronológica, o documentário expõe um interessante paradoxo: a mesma decisão que livrou Narciso de Narcisín acabou por submetê-lo a outro rótulo, o de “homem do terror”. O ator, que – segundo o depoimento de sua biógrafa – temia cair no esquecimento, passou a temer o estigma de ator horrorífico, de quem as mães protegiam seus filhos ao proibirem de vê-lo na televisão. Já o filho de Menta, Narciso Ibáñez Serrador, seguiu o rumo do pai e, até hoje, contribui fortemente com boas produções para a filmografia do gênero.Entre os depoimentos mais interessantes colhidos por Mendoza estão os de Serrador, que fala com veemência sobre o virtuosismo de seu pai e a influência disto em sua carreira.

Infelizmente, apesar de a pesquisa contar com cerca de 100 horas de material de arquivo, não é possível conferir toda a extensão do talento do ator por meio das cenas apanhadas: o documentário revela o desleixo com o qual foi tratado esse material, sendo que grande parte dele foi perdido.

O documentário, mais do que qualquer outra coisa, é claramente uma homenagem a Menta, um tanto longo e inconclusivo em suas intenções, optando por uma abordagem mais respeitosa em relação ao astro, ao ponto de – segundo o próprio realizador – excluir propositalmente os piores momentos de sua carreira.O filme é uma das principais atrações desta edição do Fantaspoa e contará com mais duas exibições. Por seu tema único, deve ser visto por qualquer admirador do horror.

http://fantaspoa.wordpress.com/category/1/

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